Aquisição da Syngenta pela ChemChina não tem restrições no Brasil

Aquisição da Syngenta pela ChemChina não tem restrições no Brasil

Enquanto autoridades norte-americanas e europeias veem a necessidade de vendas de ativos para autorizar a união da Syngenta com a ChemChina, no mercado brasileiro as duas companhias têm caminho livre para consolidar suas operações. A aquisição da empresa suíça pela chinesa foi aprovada sem restrições pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A superintendência geral do órgão brasileiro de defesa da concorrência deu aval para a operação (ato de concentração 08700.006269/2016-90)  em 24 de fevereiro deste ano. No parecer que recomendou a aprovação sem restrições, o Cade reconhece que há uma sobreposição das atuações das empresas em diversos mercados. No entanto, considera que há concorrência suficiente para evitar “exercício de poder de mercado”.

“Embora a entrada nesses mercados tenha caráter intempestivo, principalmente por questões inerentes ao processo regulatório, as preocupações concorrenciais podem ser afastadas pelo critério de rivalidade. Não foram identificadas preocupações concorrenciais decorrentes das relações verticais ou reforçadas pela operação”, diz o parecer do Cade.

De acordo com as informações do Cade, o processo foi iniciado em setembro de 2016. A publicação do despacho que confirma a decisão do Conselho foi feita no Diário Oficial da União (DOU) no dia primeiro de março deste ano. A publicidade da decisão ficou restrita ao histórico do processo no site do Cade e ao DOU, sem comunicação específica por parte das duas companhias.

Para a Syngenta, o Brasil é o principal mercado na América Latina e um dos mais importantes em nível global. De acordo com o balanço anual referente a 2016, o Brasil representa 67% das vendas da companhia no continente latino-americano, que, ao todo, foram de US$ 3,293 bilhões no último ano.

A subsidiária da ChemChina no Brasil é a Adama Agricultural Solutions, multinacional com origem em Israel. A empresa foi fundada em 1945 como grupo Makhteshin Agan, com sede em Tel-aviv. A operação brasileira representa 15% dos negócios totais da companhia, a maior unidade industrial fora do teritório israelense. São duas fábricas, uma em Londrina (PR) e outra em Taquari (RS).

Acordada em fevereiro do ano passado, a compra da Syngenta pela ChemChina é avaliada em US$ 43 bilhões. O negócio integra um movimento de fusões e aquisições entre companhias de sementes e químicos, casos de Dow e DuPont e, mais recentemente, Bayer e Monsanto, também sob análise de autoridades concorrenciais.

De acordo com a Syngenta, até o momento, 19 mercados já deram parecer favorável à venda para a ChemChina. Entre as mais recentes, estão as do México e da China. Os norte-americanos e europeus, por exemplo,  já tinham autorizado o negócio, mas impuseram restrições para evitar danos à concorrência.

Segundo autoridades europeias, a proposta foi a de vender parte do segmento de defensivos e dos negócios com reguladores de crescimento de cereais da Adama – que pertence à ChemChina desde 2011 – além de se desfazer de produtos que ainda estão em fase de desenvolvimento. Da parte da Syngenta, a proposta seria a de deixar algumas operações de herbicidas e fungicidas.

Apesar de serem multinacionais, as duas companhias descartam pelo menos por enquanto a possibilidade de limitações impostar em outros continentes interferirem nas linhas de produtos comercializadas no Brasil. A Syngenta explica que seu portfólio é regionalizado. Desta forma, produtos comercializados em diferentes regiões são adaptados às condições de cada mercado.

A Adama também informou, em nota, que as decisões relacionadas à aquisição até o momento não devem ter impacto sobre a operação brasileira. “A Adama está apoiando a ChemChina na conclusão da aquisição da Syngenta no que se refere à aprovação das autoridades responsáveis pelas políticas antitruste”, diz o comunicado.

Fonte: Revista Globo Rural

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